PERCURSO DE LEITURA: SÍNTESE DOS CAPÍTULOS DA OBRA
A leitura da obra Estratégias de Avaliação para a
Aprendizagem Online, de Dianne Conrad e Jason Openo, constituiu um percurso
desafiante e enriquecedor. Ao longo dos dez capítulos, fui aprofundando
conceitos, refletindo sobre práticas e repensando o papel da avaliação no
contexto do eLearning. Os resumos que se seguem procuram sintetizar, de forma
acessível e crítica, os principais contributos de cada capítulo.
Avaliar para Aprender: repensar a avaliação na era digital
CAPÍTULO 1 ― Visão Geral:
uma estrutura para a avaliação na aprendizagem online
Num tempo em que a aprendizagem online se torna uma componente incontornável da educação superior, este capítulo inicial traça os contornos de uma nova visão para a avaliação digital, sublinhando a sua complexidade, impacto emocional e centralidade na experiência de aprendizagem.
A obra parte do pressuposto de que avaliar é mais do que medir, é promover aprendizagens significativas. No contexto online, esta missão torna-se ainda mais desafiante e urgente. A crescente presença de estudantes adultos, a pressão para demonstrar resultados de aprendizagem e as exigências de qualidade no ensino superior exigem modelos de avaliação mais autênticos, que reflitam o mundo real e estimulem o pensamento crítico, a colaboração e a criatividade.
Destaca-se a transição de uma avaliação centrada no produto (exames, notas) para uma avaliação centrada no processo, com enfoque formativo e com forte componente de feedback. Esta mudança requer não só estratégias pedagógicas sólidas, mas também um olhar crítico sobre os contextos institucionais, sociais e tecnológicos que moldam a educação online.
O capítulo sublinha ainda a importância das Comunidades de Investigação (CoI) como suporte teórico-pedagógico para a avaliação significativa no online, onde a interação, o diálogo e a presença docente se articulam para criar ambientes ricos e implicados na aprendizagem.
Por fim, são discutidas as diferenças entre assessment e evaluation, a tensão entre avaliação formativa e somativa, e o papel que ambas podem desempenhar, desde que integradas de forma coerente no ciclo da aprendizagem. Neste quadro, a avaliação deixa de ser um simples auditor do conhecimento e assume-se como parceira ativa da motivação e do desenvolvimento pessoal e académico dos estudantes.
Este capítulo é, pois, um convite à (re)invenção da avaliação: mais humana, mais pedagógica e mais alinhada com os desafios e possibilidades da educação aberta, digital e inclusiva.
👉 🔗Infográfico do capítulo 1 elaborado por Rui Pires | Rui Rodrigues
Aprendizagem online com ADN da educação
de adultos
CAPÍTULO 2 ― A contribuição dos Princípios da Educação de Adultos para a
Aprendizagem e a Avaliação Online
Neste segundo capítulo, os autores
traçam uma ponte essencial entre os princípios da educação de adultos e as
práticas contemporâneas de aprendizagem e avaliação online, mostrando que o
e-learning, longe de ser apenas um produto tecnológico, herda uma profunda
tradição pedagógica centrada na autonomia, na experiência e na justiça social.
Ao revisitarem o pensamento de autores
como Lindeman, Knowles ou Spencer, o capítulo defende que a aprendizagem na
idade adulta é um processo contínuo, intencional e marcado por finalidades que
vão do desenvolvimento pessoal à transformação social. Esta herança pedagógica
revela-se particularmente pertinente no contexto digital, onde se valorizam
princípios como autodireção, relevância, aplicabilidade imediata e respeito
pela experiência dos alunos.
Os
pressupostos andragógicos de Knowles, incluindo a prontidão para aprender, a
valorização da experiência prévia e a orientação para a aplicação prática,
alinham-se de forma clara com os formatos assíncronos, flexíveis e
colaborativos que caracterizam a aprendizagem online. Esta sinergia entre
educação de adultos e EaD (educação a distância) mostra que o design pedagógico
deve priorizar escolhas significativas, diversidade de caminhos e construção de
sentido, e não apenas a transmissão de conteúdos.
O capítulo reforça ainda a importância
da justiça e da autenticidade na avaliação, alertando para o risco de confundir
autonomia com abandono. O papel do docente mantém-se ativo e essencial, como
facilitador e mediador de aprendizagens relevantes e contextualizadas.
Conclui-se
que a aprendizagem online bem desenhada não é apenas filha da educação de
adultos, é também sua herdeira ética e pedagógica, exigindo-nos um compromisso
com o respeito pelo outro, pela diversidade de percursos e pela construção
coletiva de conhecimento.
👉 🔗Infográfico do capítulo 2 elaborado por Andréa Veiga | Magna Lourenço
Avaliação: entre o que fazemos e
no que acreditamos
CAPÍTULO 3 ― Em que você acredita? A importância das crenças sobre nsino e aprendizagem na avaliação online
Neste capítulo, Conrad e Openo
desafiam-nos a olhar para a avaliação online não apenas como uma prática
técnica, mas como um reflexo profundo das crenças, valores e pressupostos do
professor. O que acreditamos sobre a aprendizagem, o papel do estudante e o
propósito da avaliação determina, em última instância, como desenhamos e
implementamos as nossas práticas avaliativas.
O texto parte da constatação de que as
crenças orientam as decisões pedagógicas, muitas vezes de forma inconsciente. A
partir de exemplos reais, os autores demonstram como a tensão entre avaliação
formativa e somativa, a preferência por testes ou por projetos, ou ainda o uso
(ou não) do feedback, revela uma visão particular de ensino, aprendizagem e
relação pedagógica.
Assumir esta consciência implica
colocar-se enquanto docente num processo contínuo de autorreflexão e coerência
ética. Isto é particularmente importante no ensino online, onde as decisões
sobre o que avaliar, como avaliar e com que finalidade exigem intencionalidade,
consistência e transparência.
O capítulo propõe que as práticas
avaliativas sejam fundamentadas em convicções pedagógicas sólidas, sustentadas
por evidências e abertas à crítica. A avaliação online, longe de ser um campo
neutro, deve ser habitada por escolhas conscientes, orientadas por valores como
a equidade, a aprendizagem significativa e a participação ativa dos estudantes.
Assim, mais do que adaptar velhas práticas
a novos ambientes, é essencial repensar o próprio sentido da avaliação,
começando pela pergunta-chave: em que acreditamos, enquanto professores, quando
avaliamos?
👉🔗Infográfico do capítulo 3 elaborado por Rafael Vieira
Avaliação com
sentido: autenticidade e envolvimento como critérios de qualidade
CAPÍTULO 4 ― Autenticidade e engajamento: a questão da qualidade na avaliação
Neste capítulo,
Conrad e Openo defendem que avaliar com qualidade em contextos online implica
ir além da eficácia técnica e centrar-se na autenticidade das tarefas e no
engajamento dos estudantes. A avaliação não deve ser apenas funcional ou
eficiente, mas significativa, ética e transformadora.
A autenticidade é entendida como a
proximidade entre a tarefa de avaliação e o mundo real, promovendo
aprendizagens relevantes, transferíveis e ligadas à experiência dos alunos. Uma
avaliação autêntica permite que o estudante aplique conhecimentos de forma
criativa e reflexiva, ultrapassando a simples reprodução de conteúdos.
Por sua vez, o engajamento é visto como um
indicador de qualidade pedagógica. Quando a avaliação estimula a motivação, a
autonomia e o envolvimento ativo dos estudantes, ela torna-se parte integrante
do processo de aprender, e não um momento isolado de verificação.
Os autores alertam, no entanto, para o
facto de que a autenticidade e o engajamento não são garantidos pela modalidade
online em si, mas dependem do design pedagógico, das intenções do professor e
da abertura à participação dos estudantes no próprio processo avaliativo.
Conclui-se que uma avaliação de qualidade
em eLearning deve ser:
- Relevante para a vida e os contextos dos
estudantes;
- Desafiadora, mas acessível;
- Dialogante, promovendo feedback construtivo;
- Alinhada com os objetivos da aprendizagem e com
valores educativos claros.
· Avaliar com autenticidade e promover o
envolvimento não são luxos, mas exigências éticas e pedagógicas de uma educação
online verdadeiramente centrada no estudante.
👉 🔗Infográfico do capítulo 4 elaborado por Maria Silva | Marília Lopes | Pâmella Santos
No âmbito da análise do
Capítulo 4 da obra Estratégias de Avaliação para a Aprendizagem Online, o nosso
grupo (Maria Silva, Marília Lopes e Pâmella Santos) elaborou uma infografia
como forma de aprofundar os principais contributos do capítulo e representar
visualmente os seus conceitos-chave. Esta criação centrou-se, sobretudo, na
autenticidade e no envolvimento dos estudantes como pilares essenciais de uma
avaliação de qualidade em contextos digitais.
INFOGRAFIA DO GRUPO
Capítulo 4: Autenticidade e engajamento: a questão da qualidade na avaliação
Análise Temática da Infografia
Avaliação
autêntica
Capítulo
4 — Autenticidade e engajamento: a questão da qualidade na avaliação
A
leitura do capítulo 4 da obra Estratégias de Avaliação para a Aprendizagem
Online, de Dianne Conrad e Jason Openo (2018), permitiu-nos aprofundar o
conceito de avaliação autêntica, refletindo sobre o seu potencial transformador
no ensino online. A infografia elaborada pelo nosso grupo traduz visualmente os
principais conceitos do capítulo, centrado na importância de uma avaliação
envolvente, situada e orientada para contextos reais. A seguir, apresento uma
análise crítica das secções organizadas na infografia:
1.
O que é Avaliação Autêntica?
A
infografia inicia com uma definição clara e acessível: avaliação autêntica é
aquela que relaciona o conteúdo aprendido com situações do mundo real. Esta
conceção, inspirada nos autores, realça a relevância das tarefas aplicadas,
complexas e com significado pessoal. A abordagem evidencia a transição de uma
lógica classificatória para uma lógica formativa e transformadora.
2.
Benefícios para Alunos, Docentes e Instituições
Esta
secção destaca, com equilíbrio, os ganhos que cada ator educativo pode obter:
- Os
alunos são desafiados a aplicar conhecimentos, desenvolver competências e tomar
decisões com autonomia.
- Os
docentes atuam como mediadores críticos do processo, desenhando experiências de
aprendizagem envolventes.
- As
instituições ganham em credibilidade e inovação pedagógica, alinhando-se com
valores de equidade e relevância social.
3.
Atividades Autênticas e suas Características
Esta
parte identifica exemplos concretos de tarefas autênticas, como projetos,
debates ou resolução de problemas reais, e enumera os princípios que as tornam
significativas: pertinência, desafio, feedback formativo, conexão com o mundo
real. É um contributo valioso para a operacionalização da teoria na prática
pedagógica.
4.
Fundamentos Teóricos
Com
base em autores como Jon Mueller e em teorias como o Construtivismo e a
Sociointeracionista, esta secção ancora as ideias da avaliação autêntica em
quadros teóricos sólidos. O destaque para a aprendizagem significativa,
contextualizada e participativa dá suporte à proposta prática da infografia,
reforçando o seu valor académico.
5.
Ferramentas de Suporte
Aqui
são apresentados exemplos de instrumentos concretos que permitem a
implementação da avaliação autêntica: rubricas, e-portfólios, feedback
dialogado, auto e coavaliação, entre outros. Esta secção é especialmente útil
para professores que procuram estratégias práticas e eficazes para aplicar os
princípios do capítulo.
6.
Cinco Dimensões para uma Avaliação Autêntica
Na
parte inferior da infografia, a síntese das cinco dimensões, vida real,
criticidade, colaboração, comunicação e ética, funciona como uma bússola
pedagógica. Cada dimensão está associada a práticas concretas, ancorando a
avaliação nos valores que sustentam a educação online de qualidade.
Considerações
Finais
A
infografia do nosso grupo não apenas resume o capítulo, mas interpreta
visualmente os seus conceitos centrais com criatividade, rigor e
intencionalidade pedagógica. A seleção das cores, ícones e ilustrações reforça
o caráter positivo, humano e reflexivo da avaliação autêntica, destacando o seu
papel na construção de aprendizagens com sentido e propósito.
👉 Clique 🔗aqui para ver a infografia completa do grupo.
Portfólios:
aprender, refletir, avaliar
CAPÍTULO 5 ― Avaliação utilizando portfólios eletrônicos, diários, projetos, e trabalhos em grupo
Este capítulo
explora o uso dos portfólios digitais como estratégia de avaliação no ensino
online, sublinhando o seu potencial para promover aprendizagens profundas,
reflexivas e personalizadas. Mais do que uma mera coleção de tarefas, o
portfólio é apresentado como um espaço de construção de sentido, onde o
estudante assume um papel ativo na sua aprendizagem.
Conrad e Openo defendem que o portfólio:
- Documenta o progresso ao longo do tempo;
- Favorece a metacognição, incentivando o
estudante a refletir sobre o que aprendeu e como aprendeu;
- Integra diferentes formas de evidência,
desde textos e imagens a vídeos e projetos colaborativos;
- Promove a autoria e a agência do
estudante, ao permitir escolhas sobre o que incluir e como apresentar.
A avaliação por portfólio, quando bem
orientada, contribui para o desenvolvimento de competências como a autonomia, a
autoavaliação, o pensamento crítico e a comunicação multimodal. Para isso, é
essencial que os critérios de avaliação sejam claros, consistentes e
negociados, e que haja feedback contínuo e dialogado.
O capítulo também alerta para os desafios
desta abordagem:
- A exigência de tempo para estudantes e
docentes;
- A necessidade de literacia digital e
orientação pedagógica;
- A importância de alinhar o portfólio com
os objetivos da aprendizagem e com a filosofia do curso.
Conclui-se que avaliar através de
portfólios é uma forma coerente com os princípios da educação online centrada
no estudante, ao valorizar o processo, a identidade e a voz de quem aprende.
Trata-se de uma avaliação formativa, reflexiva e ética, que liga avaliação e
aprendizagem de forma indissociável.
👉 🔗Infográfico do capítulo 5 elaborado por Isabela Castellani | Marta Gingeira
Avaliação em tempos de abertura: para
além dos muros da escola
CAPÍTULO 6 ― A era do "aberto": avaliações alternativas, aprendizagem flexível, badges e acreditação
Neste capítulo provocador, Conrad e
Openo convidam-nos a refletir sobre o impacto da educação aberta na forma como
concebemos e praticamos a avaliação no ensino online. A chamada "era do
aberto" é marcada por movimentos como os Recursos Educacionais Abertos
(REA), as licenças abertas e os cursos online massivos e abertos (MOOC), que
desafiam as estruturas tradicionais do ensino formal.
Neste
novo cenário, a avaliação aberta emerge como resposta às exigências de:
Maior
transparência nos critérios de avaliação;
Maior
envolvimento dos estudantes na definição das suas trajetórias de aprendizagem;
Partilha
pública e colaborativa dos resultados da aprendizagem, como prática ética e
pedagógica.
A
avaliação aberta valoriza produtos como blogs, podcasts, vídeos, apresentações
públicas ou projetos colaborativos partilhados em ambientes digitais. Mais do
que medir competências de forma fechada, esta abordagem promove autoria,
relevância social e impacto real, ligando a aprendizagem ao mundo.
Contudo,
os autores alertam para os desafios e tensões desta nova lógica:
Como
garantir rigor e equidade na avaliação pública?
Como
articular o feedback individualizado com produtos que têm visibilidade global?
Que
papel cabe ao professor como avaliador e curador de aprendizagens em rede?
A
resposta, segundo os autores, passa por um equilíbrio entre abertura e
estrutura, entre liberdade e responsabilidade. O docente deixa de ser apenas
transmissor de conhecimento e torna-se um facilitador de processos de
aprendizagem abertos, éticos e significativos.
Em
suma, este capítulo aponta para uma avaliação com espírito aberto, que valoriza
a coautoria, a aprendizagem ao longo da vida e a construção colaborativa de
conhecimento, pilares de uma educação verdadeiramente transformadora.
👉 🔗Infográfico do capítulo 6 elaborado por Djamila Baroni | Eliana Magalhães
Avaliação com propósito: planeamento autêntico para a aprendizagem online
CAPÍTULO 7 ― Planejando uma estratégia de avaliação - autenticamente
Neste capítulo, Conrad e Openo
oferecem uma perspetiva prática e crítica sobre o planeamento estratégico da
avaliação no ensino online, defendendo que a coerência, a intencionalidade e a
autenticidade são pilares fundamentais para uma avaliação de qualidade.
O
capítulo propõe que o processo de avaliação deve ser:
- Planeado
desde o início, articulado com os objetivos de aprendizagem e com as atividades
propostas;
- Autêntico,
no sentido de promover tarefas relevantes, contextualizadas e transferíveis
para o mundo real;
- Transparente
e comunicável, permitindo que estudantes compreendam os critérios, os objetivos
e o valor do que estão a realizar.
Os
autores apresentam uma abordagem estruturada que integra:
- Diagnóstico
e planeamento – clarificar propósitos, identificar o que se pretende avaliar e
como;
- Implementação
e acompanhamento – garantir que as estratégias avaliativas respeitam a
diversidade, promovem o engajamento e oferecem feedback significativo;
- Revisão
e melhoria contínua – avaliar a própria avaliação, com base na reflexão
crítica, na escuta aos estudantes e na análise dos resultados.
Neste
modelo, o professor é convidado a ser um designer de experiências de
aprendizagem, e não apenas um aplicador de instrumentos avaliativos. Avaliar
autenticamente é planear com rigor, mas também com empatia e abertura à
complexidade do aprender online.
O
capítulo conclui sublinhando que a avaliação online não é um apêndice da
pedagogia, mas a sua própria expressão. Planeá-la de forma autêntica é garantir
que o processo de ensinar e aprender se torna mais humano, mais justo e mais
significativo.
👉 🔗Infográfico do capítulo 7 elaborado por Célia Ferreira | Pedro Vasconcelos
Avaliação em tempos de mudança: flexível, invertida e hibrida
CAPÍTULO 8 ― Flexível, invertida e híbrida: tecnologias e novas possibilidades na aprendizagem e na avaliação
O
oitavo capítulo aborda os modelos pedagógicos emergentes no ensino online, aprendizagem
flexível, sala de aula invertida e pedagogia híbrida, e analisa o impacto
destas abordagens na forma como avaliamos. Conrad e Openo defendem que a
avaliação, tal como o ensino, precisa de se reinventar para responder à
complexidade, diversidade e dinamicidade da educação contemporânea.
A
aprendizagem flexível valoriza o ritmo e os contextos dos estudantes,
promovendo percursos personalizados e autônomos. Neste cenário, a avaliação
deve ser igualmente adaptável, contínua e sensível às trajetórias individuais.
A
sala de aula invertida reorganiza o tempo e os papéis: conteúdos são explorados
antes dos encontros síncronos, reservando estes para atividades interativas e
aplicadas. Esta estrutura exige uma avaliação centrada na participação, na
resolução de problemas e na colaboração, com forte componente formativa.
Já
a abordagem híbrida integra ambientes presenciais e virtuais, formais e
informais, exigindo avaliações multifacetadas, integradoras e autênticas.
Trata-se de avaliar não apenas o “quê” do conhecimento, mas também o “como”, o
“onde” e o “porquê” da aprendizagem.
O
capítulo propõe ainda que:
A
avaliação em ambientes flexíveis deve ser negociada e partilhada;
Os
estudantes devem ser coparticipantes na construção dos critérios e na análise
do seu desempenho;
A
tecnologia deve ser aliada para diversificar formatos e promover feedback ágil
e personalizado.
Conclui-se
que avaliar em contextos flexíveis, invertidos e híbridos implica reconhecer a
centralidade da experiência do estudante e assumir a avaliação como um processo
pedagógico vivo, co-construído e orientado para a transformação.
👉 🔗Infográfico do capítulo 8 elaborado por Marisa Ferreira | Rosa Gaspar
Autoavaliação: espelho da aprendizagem crítica e
reflexiva
CAPÍTULO 9 ― Algumas palavras sobre autoavaliação
Neste capítulo
final, Conrad e Openo exploram a autoavaliação como prática pedagógica
essencial para a aprendizagem crítica e autodirigida. Embora frequentemente
subvalorizada, a autoavaliação, quando bem enquadrada, potencia o pensamento
crítico, a metacognição e a autonomia dos estudantes, especialmente em
contextos online.Os autores destacam que a autoavaliação:
- Deve ser planeada e orientada, com
critérios claros e suporte contínuo;
- Não substitui a avaliação formal, mas
complementa-a enquanto estratégia formativa;
- Promove competências cognitivas de alto
nível, como a análise, síntese e avaliação, alinhadas com a Taxonomia de Bloom.
Num ambiente construtivista, a
autoavaliação:
- Potencia o envolvimento ativo e a reflexão
sobre o próprio percurso;
- Deve estar integrada no plano de avaliação
do curso e ser acompanhada de feedback formativo;
- Pode ser realizada através de diários
reflexivos, questionários com devolutiva ou fóruns de discussão, adaptados ao
contexto online.
Apesar das suas fragilidades naturais,
como a subjetividade ou a dificuldade em avaliar-se com rigor, os autores
concluem que, em cursos avançados e com orientação adequada, a autoavaliação
pode ser uma ferramenta poderosa de desenvolvimento pessoal e académico.
Conrad e Openo convidam-nos, assim, a
reconhecer a complexidade da autoavaliação, mas também o seu valor enquanto
espelho de uma aprendizagem consciente, crítica e transformadora.
👉 🔗Infográfico do capítulo 9 elaborado por Eduardo Santos | João Silva | Maria Videira
Avaliar
online: um compromisso com a qualidade, a ética e a ação
CAPÍTULO 10 ― Concluindo
O capítulo final do livro
reúne os principais princípios debatidos ao longo da obra, reafirmando que uma
avaliação online eficaz não se constrói apenas com instrumentos ou tecnologia,
mas com base em valores pedagógicos sólidos, compromisso ético e planeamento
viável.
Conrad
e Openo sublinham três dimensões fundamentais para avaliar com qualidade:
- Qualidade
pedagógica: implica intencionalidade, alinhamento com os objetivos de
aprendizagem, relevância das tarefas e coerência metodológica. Avaliar bem é
ensinar bem.
- Ética
avaliativa: exige respeito pela diversidade dos estudantes, transparência nos
critérios, justiça na correção e sensibilidade às desigualdades digitais e
sociais. A avaliação é um ato relacional e político.
- Viabilidade:
significa desenhar estratégias que sejam exequíveis tanto para docentes como
para discentes, em termos de tempo, recursos, literacia digital e
sustentabilidade pedagógica.
O
texto defende que a avaliação online deve ser entendida como uma oportunidade
para repensar práticas tradicionais, colocar o foco na aprendizagem e construir
uma cultura de melhoria contínua. O papel do professor é reconfigurado: de
julgador para mentor, facilitador e designer de experiências autênticas e
inclusivas.
Em
suma, avaliar online é mais do que adaptar formatos, é assumir um compromisso
transformador com a qualidade, a ética e a aprendizagem significativa num mundo
em constante mudança.
👉 🔗Infográfico do capítulo 10 elaborado por Eduardo Santos | João Silva | Maria Videira
DA TEORIA À IMAGEM: INFOGRAFIAS DOS CAPÍTULOS
Nota: Ao longo da leitura dos dez capítulos, foram sendo produzidas infografias que traduzem visualmente os principais conceitos abordados. O documento final, está acessível no Padlet coletivo abaixo👇ou no QR code, e reúne todas essas produções de forma integrada e interativa.
🔗Documento conjunto final - Padlet
SINTESE FINAL: AVALIAR EM ELEARNING
A partir da leitura crítica dos dez capítulos que compõem a obra Estratégias de Avaliação para a Aprendizagem Online, procuro, nesta síntese final, refletir sobre os principais contributos teóricos e práticos que este percurso me proporcionou.
Avaliar em eLearning: um percurso entre
princípios, práticas e possibilidades
Ao
longo da leitura dos dez capítulos da obra Estratégias de Avaliação para a
Aprendizagem Online, de Dianne Conrad e Jason Openo, fui convidada a repensar a
avaliação para além da sua função tradicional de medir desempenhos. O que os
autores nos propõem é uma verdadeira reconceptualização da avaliação: ética,
participativa, crítica, situada e ancorada em valores pedagógicos sólidos.
Desde
a visão geral apresentada no capítulo 1, compreendi que avaliar online é muito
mais do que transpor testes e classificações para o digital. Trata-se de
(re)pensar o papel da avaliação no processo de aprendizagem, reconhecendo o
contexto específico do eLearning e a necessidade de coerência entre
intencionalidade pedagógica, design instrucional e avaliação.
No
capítulo 2, os princípios da Educação Aberta e da aprendizagem ao longo da vida
reforçaram a ideia de que a avaliação deve ser inclusiva, centrada no estudante
e promotora de autonomia. A abordagem flexível, acessível e ética revela-se
fundamental para lidar com a diversidade dos públicos em contextos digitais.
À
medida que avancei para os capítulos seguintes, compreendi que avaliar é também
acreditar, como nos diz o capítulo 3 , ou seja, confiar nos estudantes, na sua
capacidade de autorregulação e construção de saberes. Avaliar bem exige
relacionalidade, escuta e empatia, contrariando práticas normativas e
descontextualizadas.
O
capítulo 4, centrado na autenticidade e no engajamento, trouxe-me uma visão da
avaliação como experiência significativa e situada, conectada com a realidade
dos aprendentes. O desafio de criar avaliações relevantes, motivadoras e
ancoradas em contextos reais ressoou fortemente com a minha prática docente.
Ao
longo do livro, fui também confrontada com instrumentos concretos, como os
portfólios (cap. 5), que valorizam o processo e a progressão da aprendizagem, e
com a importância de integrar as dimensões flexível, invertida e híbrida da
educação online (cap. 8), onde a avaliação precisa de acompanhar modelos
pedagógicos emergentes.
Os
capítulos 6 e 7 abriram espaço à reflexão sobre a era do “aberto”, a mediação
tecnológica e a necessidade de planeamento estratégico da avaliação, um
equilíbrio entre rigor, criatividade e viabilidade. Já o capítulo 9, sobre
autoavaliação, relembrou-me que aprender a avaliar-se é, talvez, uma das
competências mais valiosas a desenvolver em qualquer nível de ensino.
Por
fim, no capítulo 10, os autores sintetizam com clareza que avaliar online exige
mais do que domínio técnico: exige compromisso com a qualidade, ética e
viabilidade das práticas, num contexto em constante transformação.
Chego
ao fim desta leitura com a certeza de que avaliar é um ato pedagógico e ético
profundo, que deve ser desenhado com intencionalidade, humanidade e consciência
crítica. Esta viagem pelos dez capítulos foi também uma viagem pela minha
própria prática e pelas possibilidades de construir uma avaliação mais justa,
participativa e transformadora.
PERCURSO REFLEXIVO
Avaliação em
Educação Online: Aprendizagens, Desafios e Crescimento Pessoal
Ao
longo das últimas semanas, mergulhei de forma crítica e colaborativa na
temática desafiante da avaliação na educação online, percorrendo os dez
capítulos da obra Estratégias de Avaliação para a Aprendizagem Online, de
Dianne Conrad e Jason Openo. Esta leitura foi não só estruturante do
conhecimento teórico, mas também transformadora da minha visão enquanto
docente, aprendente e membro de uma comunidade académica.
Durante
este percurso, fui convidada a refletir profundamente sobre os princípios da
avaliação autêntica, participativa e situada, reconhecendo o seu papel
essencial no desenho de experiências de aprendizagem verdadeiramente
significativas. Para isso, foi necessário compreender fundamentos da educação
de adultos, princípios da avaliação formativa, modelos de feedback, estratégias
diferenciadas e até os desafios colocados pelas tecnologias abertas. Foi um
caminho exigente, mas intelectualmente estimulante.
A
leitura crítica de cada capítulo foi acompanhada por uma atividade criativa: a
elaboração de resumos e infografias, que exigiram capacidade de síntese,
clareza de raciocínio e seleção dos conceitos-chave. Esta prática visual de
organização do pensamento trouxe-me benefícios claros ao nível da consolidação
da aprendizagem e do desenvolvimento de competências de comunicação pedagógica.
Destaco
como momento especialmente significativo a colaboração no grupo que trabalhou o
Capítulo 4, dedicado à avaliação autêntica e ao envolvimento dos estudantes. A
dinâmica de grupo foi positiva, com partilha de ideias, distribuição
equilibrada de tarefas e sentido de responsabilidade conjunta. Trabalhar em
equipa permitiu-me alargar o meu olhar, aprender com os estilos e experiências
das colegas, e reforçar a minha confiança no trabalho colaborativo em ambientes
digitais. Ao mesmo tempo, foi necessário gerir o tempo, negociar ideias e
assumir compromissos, o que reforçou a minha autonomia, empatia e espírito
crítico.
Em
termos de autoavaliação, considero que cumpri de forma rigorosa e empenhada os
objetivos propostos: li e analisei cada capítulo, sintetizei os conteúdos com
clareza, elaborei materiais de apoio relevantes e participei ativamente na
produção coletiva da infografia do nosso grupo. Reforcei a minha capacidade de
escrita académica, melhorei as minhas competências digitais e aprofundei o
entendimento sobre os modelos de avaliação mais adequados ao eLearning, sem
nunca perder de vista os princípios da inclusão, da justiça e da centralidade
do estudante.
Por fim, este percurso teve também um
impacto pessoal: levou-me a questionar práticas sedimentadas, a valorizar a
intencionalidade das decisões avaliativas e a reconhecer a importância de criar
ambientes de aprendizagem mais inclusivos, dialogantes e orientados para o
crescimento. Foi uma experiência intelectualmente exigente, mas profundamente
enriquecedora, que me devolve uma visão mais lúcida, crítica e propositiva
sobre a avaliação em ambientes digitais.
Autoavaliação: Este segundo tema desafiou-me a
articular teoria, prática e expressão visual de forma integrada. Sinto que me
envolvi de forma crítica e criativa em todas as etapas, com especial atenção ao
rigor conceptual, à colaboração eficaz e à intencionalidade pedagógica das
tarefas realizadas. O processo ajudou-me a consolidar uma abordagem mais
consciente e coerente da avaliação em contextos digitais, levando-me a repensar
estratégias que favoreçam a participação ativa, a autenticidade das tarefas e a
centralidade dos estudantes. Encerro este ciclo com maior confiança e clareza
quanto à minha capacidade de desenhar práticas avaliativas alinhadas com os
princípios do eLearning transformador.
REFERÊNCIAS
Conrad, D., & Openo, J. (2019). Estratégias de avaliação para a aprendizagem online (J. Mattar, D. W. A. Duarte, C. C. de Lima & J. da S. Nunes, Trads.; J. Mattar, Ed.). Artesanato Educacional. (Trabalho original publicado em 2018)
https://read.aupress.ca/projects/assessment-strategies-for-online-learning/resource/portuguese-translation-estrategias-de-avaliacao-para-aprendizagem-online
Conrad, D.; Openo, J. (2018) Assessment Strategies for Online Learning Engagement and Authenticity. AU Press, Athabasca University doi: 10.15215/aupress/9781771992329.01.
https://www.aupress.ca/books/120279-assessment-strategies-for-online-learning/