domingo, 17 de novembro de 2024

Dilúvio de Informação: Impactos do Passado, Desafios do Presente e Visões para o Futuro

A metáfora do "Dilúvio" de Lévy continua a ecoar nos debates contemporâneos, oferecendo uma lente poderosa para compreender os desafios em constante evolução da nossa era digital. A sua relevância atravessa gerações, iluminando as transformações que moldam a sociedade atual e inspirando reflexões sobre o futuro.



O que é a Cibercultura

Cibercultura é uma cultura emergente a partir da interação entre pessoas, tecnologias digitais e redes de comunicação, marcada pela partilha de conhecimento, colaboração global e a transformação contínua impulsionada pela inovação tecnológica.






O Potencial Transformador do Ciberespaço

Pierre Lévy observa que o ciberespaço cresceu graças a uma onda global, liderada principalmente por jovens ansiosos por experimentar formas de comunicação que fossem alternativas às tradicionais (Lévy, P., 1997, p. 11). Este desejo coletivo de explorar e inovar transforma o ciberespaço num território repleto de oportunidades, com potencial para revolucionar os campos económico, político, cultural e humano. Esta transformação é significativa, pois evidencia como as tecnologias digitais podem remodelar profundamente as maneiras de comunicar e interagir.

Ao definir o ciberespaço, Lévy refere-se a uma nova rede de comunicação que resulta da conexão global de computadores, englobando não só a base tecnológica, mas também o vasto oceano de informação e os utilizadores que o alimentam e exploram. A palavra “cibercultura” descreve o conjunto de práticas, modos de pensar, atitudes e valores que surgem à medida que este espaço digital se expande. Para Lévy, isto não representa apenas uma inovação tecnológica, mas sim uma verdadeira transformação cultural, capaz de alterar profundamente a nossa forma de viver, pensar e relacionar-nos com o mundo.

 

 A Necessidade de Adaptação às Mudanças Culturais

A analogia entre a evolução das práticas digitais e a trajetória do cinema. Quando surgiu, o cinema foi inicialmente desvalorizado e considerado uma forma de entretenimento menor, mas com o tempo ganhou legitimidade e passou a ser visto como uma arte completa e “…hoje o cinema é considerado como uma arte de corpo inteiro e investido de todas as legitimidades culturais imagináveis.”(Lévy, P., 1997, p. 12). De forma semelhante, as novas práticas sociais e artísticas impulsionadas pelas tecnologias modernas continuam a ser alvo de críticas e desconfiança. No entanto, Lévy defende que é crucial reconhecer que estas inovações representam mudanças significativas na forma como os símbolos e a comunicação se manifestam na sociedade. Em vez de rejeitarmos estas transformações, é essencial que entendamos e incorporemos as suas consequências culturais e sociais.

 

A Importância de Desenvolver Competências para Navegar no Mundo Digital

A expressão "dilúvio informacional" faz alusão ao fluxo incessante e esmagador de dados que “…não diminuirá nunca mais…” (Lévy, P., 1997, p. 15)​, definindo o ciberespaço e a imensidão da cibercultura. Lévy recorre à imagem bíblica da arca de Noé para enfatizar a importância de escolher cuidadosamente o que devemos preservar nesta vastidão de informação. Esta metáfora sublinha um dilema essencial da era digital: como decidir o que é realmente valioso e como gerir eficazmente a enorme quantidade de informação que nos rodeia. Esta reflexão torna-se fundamental, pois leva-nos a considerar a nossa relação com o conhecimento digital e a necessidade urgente de desenvolver competências de literacia digital para nos orientarmos neste ambiente complexo. Preparar as futuras gerações para a realidade digital exige que reconheçamos este novo ambiente como parte integrante das suas vidas. Os jovens devem ser equipados com habilidades para navegar, adaptar-se e prosperar num ciberespaço em constante crescimento. Este entendimento ressalta a urgência de desenvolver competências de literacia digital, vitais para gerir e explorar eficazmente o vasto panorama informacional do mundo contemporâneo.


Três exemplos de significados de cibercultura:


Comunidades Online 




Fóruns, como o Reddit, ou grupos em Discord representam a crescente importância das comunidades virtuais. Nestas comunidades, pessoas com interesses comuns (seja gaming, literatura, tecnologia ou temas políticos) podem trocar ideias, partilhar conhecimentos ou apenas socializar, formando uma nova forma de ligação social sem barreiras geográficas.


Influenciadores Digitais





Influenciadores em plataformas como Instagram, YouTube ou TikTok têm um papel significativo na cibercultura moderna. Eles moldam comportamentos e tendências, promovendo produtos e ideias a milhões de seguidores. A ascensão dos influenciadores trouxe novos modelos de negócio e formas de comunicação que têm impacto direto na sociedade e no marketing digital.


Gaming e eSports




 O gaming não é apenas um passatempo; tornou-se uma componente importante da cibercultura, especialmente com o crescimento dos eSports. Plataformas como Twitch permitem a transmissão ao vivo de torneios e de jogos, criando uma cultura onde jogar ou assistir a videojogos é visto como entretenimento mainstream. Comunidades formam-se em torno de jogos, gerando um fenómeno social global.

(Imagens geradas por IA)

 

Cibercultura: Liberdade e Desafios da Era Digital

A cibercultura inaugura uma forma inédita de universalidade, caracterizada por uma abertura que facilita partilhas de conhecimento e interações a uma escala global sem precedentes. Ainda assim, este fenómeno não está isento de obstáculos significativos. A rápida expansão e a constante transformação do ciberespaço geram uma sensação de desordem, onde a sobrecarga de informação e a falta de estruturas tradicionais podem parecer ameaçadoras.

“A cibercultura não é sinónimo de caos e confusão?” (Lévy, P., 1997, p. 266)

 

Esta aparente desorganização representa uma forma de liberdade e inovação que desafia as normas estabelecidas, colocando a cibercultura em possível ruptura com os valores fundadores da modernidade europeia. Esta última, baseada em princípios como a racionalidade, a universalidade e a crença num progresso estruturado, vê-se desafiada pela cibercultura, que abraça a multiplicidade, a descentralização e a interatividade, subvertendo assim os antigos paradigmas.

 

“A cibercultura está em ruptura com os valores fundamentais da modernidade europeia?” (Lévy, P., 1997, p. 269)

 

Estas questões instigam uma reflexão sobre o futuro da cibercultura e do ciberespaço, levando-nos a considerar de que forma as ambições e as inovações impulsionadas pelos jovens de hoje poderão moldar a sociedade global.

Que alcance terá o ciberespaço e como se transformará a cibercultura ao longo dos próximos 25 anos, tendo em conta a intensa busca por interconexão e o desejo insaciável por novas experiências dos jovens do século XXI, em 2024?

 

 Biblografia:

Lévy, P. (2017, outubro 17). Pierre Lévy – O que é o virtual? [Vídeo]. YouTube. https://youtu.be/sMyokl6YJ5U

Lévy, Pierre (1997). Cibercultura. Instituto Piaget: Epistemologia e Sociedade.







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