HABITAR O DIGITAL
CAMINHOS PARA UMA EDUCAÇÃO MAIS HUMANA
Partindo das primeiras
inquietações que registei no fórum “Sala de Aula Virtual Assíncrona - Tema 1”,
fui desenhando um percurso de reflexão em rede sobre os Ecossistemas Digitais
de aprendizagem.
A imagem inicial (“Ponto de
Partida”) representa o início deste caminho. A seguir, partilho o mapa mental
que me ajudou a organizar ideias e, mais adiante, desenvolvo em texto as
principais questões, inspirações e aprendizagens que fui construindo - a partir
da minha experiência, dos colegas e das provocações do professor António
Moreira.
Uma viagem onde cada balão é uma ideia em movimento, um convite à reflexão e à ação pedagógica consciente. Por fim, a linha do tempo que identifica o processo...
Para além do mapa, construí também uma linha do tempo que espelha o percurso reflexivo que fui trilhando ao longo das várias interações.
No texto seguinte, partilho o percurso reflexivo que fui construindo ao longo do fórum - um caminho entre inquietações pessoais, diálogos com os colegas e provocações que me desafiaram a repensar a educação na era digital.
Ecossistemas digitais de aprendizagem:
do mapa ao pensamento...
Habitar
o digital: da ferramenta ao habitat
Logo
desde o início, senti a necessidade de questionar a ideia de tecnologia como
simples ferramenta. O contacto com o pensamento de Luciano Floridi ajudou-me a
reconhecer que vivemos hoje imersos numa infoesfera - uma realidade onde o
digital não é um suplemento, mas parte integrante do nosso quotidiano. Esta
noção levou-me a compreender que o digital deve ser pensado como habitat: um
espaço onde se aprende, se interage, se constrói conhecimento e se
(re)configura a própria identidade. Daí a importância de criar ambientes
digitais habitáveis, que acolham a escuta, respeitem a diversidade de tempos e
ritmos, e promovam a co-presença, mesmo em contextos assíncronos.
Ecossistemas
em rede: humanos e não humanos em interação
A
reflexão sobre os ecossistemas digitais ajudou-me a alargar a visão. Já não
basta distinguir entre ensino presencial e online; é preciso reconhecer que
vivemos numa lógica de educação híbrida, onde diferentes espaços e tempos se
interligam, e onde atores humanos e não humanos (como professores, alunos plataformas,
dispositivos, algoritmos) coabitam e influenciam os processos de aprendizagem.
Nesta perspetiva, as tecnologias não são neutras: participam ativamente na
construção do conhecimento, das relações pedagógicas e das oportunidades (ou
desigualdades) que emergem no espaço educativo.
Disrupção pedagógica: romper com o passado, projetar o futuro
Ao refletir sobre o vídeo do professor António Moreira, entendi que a disrupção de que falamos na educação não é apenas tecnológica - é pedagógica, cultural e ética. Vivemos, como ele afirma, numa era híbrida, de transição, onde se cruzam o analógico e o digital, o passado e o futuro. Esta hibridez desafia as fronteiras rígidas da escola e exige uma educação mais ampla, que vá para além da divisão entre presencial e online. O professor propõe uma visão de educação híbrida plural, onde diferentes pedagogias, metodologias e ferramentas - digitais e analógicas - dialogam. Uma educação que se estende para lá da sala de aula, que se desenha em ambientes líquidos, sem início nem fim definidos, onde a aprendizagem acontece em qualquer tempo e em qualquer lugar. Esta visão convida-nos a repensar profundamente os tempos, os espaços e os modos de ensinar, em coerência com os desafios do século XX.
O fórum foi, para mim, mais do que um espaço de partilha — foi um verdadeiro lugar de construção coletiva de pensamento. Através do diálogo com os colegas, fui confrontada com novas perspetivas que enriqueceram a minha reflexão. Algumas intervenções ajudaram-me a compreender o digital não apenas como tecnologia, mas como fenómeno social e cultural que ultrapassa as decisões pedagógicas individuais. Outras alertaram para o risco de reduzirmos a transição digital a uma questão técnica, esquecendo a sua dimensão ética, política e relacional. Houve também quem chamasse a atenção para a urgência de uma formação que prepare professores e estudantes para atuarem com consciência crítica na infoesfera, reconhecendo os desafios da desinformação, da exclusão e da vigilância algorítmica. Este encontro de vozes interpelou-me, desafiou as minhas certezas e ajudou-me a pensar melhor. Percebi que educar no digital exige escuta ativa, intencionalidade pedagógica negociação compromisso coletivo e sensibilidade para o tempo, o ritmo e a diversidade de quem aprende.
Percebi, ao longo do fórum, que é nesse território de dúvida partilhada que se constrói o verdadeiro sentido da aprendizagem em rede.
Referências Bibliográficas
Comissão Europeia. (2021).
Plano de Ação para a Educação Digital (2021–2027): Reconfigurar a educação e a
formação para a era digital. Publications Office of the European Union.
https://education.ec.europa.eu/pt-pt/focus-topics/digital-education/action-plan
Moreira, J. A. (2022, 30 de setembro). Era Híbrida, Educação Disruptiva e Ambientes de Aprendizagem [Vídeo]. YouTube. https://www.youtube.com/watch?v=rxzkv9QW7A8&t=1s
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